Quando penso em falecimentos, lembro-me logo da célebre piada contada pelo Woody Allen.
Estão duas velhotas refasteladas num resort daqueles mesmo bons e, fazendo conversa depois do almoço, uma diz para a outra:
- Bolas que a comida aqui é mesmo ruim...
- Sem dúvida. E as doses são tão pequenas...
Dizia o Woody que este pequeno diálogo transparece exatamente o que a vida é numa boa parte das vezes: uma sacana que nos dá dores e sofrimentos, mas tão curtinha, ó tão curtinha, valha-nos deus.
Agora imaginem isto.
Imaginem que daqui em diante podiam escolher o sonho que podiam sonhar. Estou em crer que a maior parte dos seres humanos escolhia um enredo perfeito, onde tudo corria de feição, sem arrelias nem contratempos. Ora este sonho é coisa de dar um acordar daqueles em que uma pessoa ainda nem abriu a pestana e já está feliz.
Mas passadas algumas semanas, estavámos a ansiar por um elemento de surpresa, qualquer coisa que nos espantasse ou desafiasse.
E passadas ainda mais semanas, estávamos a desejar ainda mais peripécias, daquelas coisas que fazem acelerar um bocadinho o ritmo cardíaco.
A certa altura, dávamos por nós a sonhar com a vida tal como ela é, cheia de peripécias, de espantos, surpresas e contratempos. Só porque somos criaturas assim mesmo, desejosas de aventuras e de desafios. E é na aventura final que nos finamos.
Agora, falando de imortalidade.
Mas quem é que quer ser imortal? Honestamente.
Ninguém, senhores. Ninguém quer ser imortal.
O que é que o ser humano quer na verdade?
Eu tenho a minha ideia, a registar num post futuro.
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