Já vivi muito tempo numa casa que na verdade era mais um campo de batalha.
Já vivi numa casa que era mais uma garagem húmida.
Já vivi numa casa onde me esqueci da foto mais preciosa que tinha: eu e os meus irmãos. Tinha eu uns 7 anos. Eu com o olhar de irmã mais velha, o mais novo com um ar de espantado e pronto para a vida e o do meio, com o sorriso que só os tímidos conseguem desenhar.
Já vivi numa casa de três assoalhadas no meio da planície alentejana, em que fumava cigarros e lia livros, rodeada de uma solidão imensa.
Já vivi numa casa de dois andares só para mim, em pleno Algarve. Foi aquela onde passei menos tempo, mas onde fui feliz.
Já planeei e vi nascer uma casa. A paixão tremenda calou a voz que me dizia que aquela não era para mim.
Já comprei uma casa numa cidade onde não tenho nem um familiar, mas que fui fazendo de minha, a cidade e a casa. Lembro-me que passaram seis meses entre o momento em que cá dormi pela primeira vez e pela primeira vez entrei sentindo-a como o meu lar. Eu própria lhe pintei as paredes várias vezes até encontrar as cores certas, mas ainda não acertei numa, a mais importante.
Por agora é a minha (e do gato, dono e senhor de mais de metade do espaço lol ).
Mas tenho uma ideia diferente para os anos que hão de vir.
Já fiz nascer várias casas por aí e ainda tenho energia para mais uma.
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