Na terra do meu pai

havia muitas coisas curiosas de que guardo lembrança. Nomeadamente uma senhora já velhota, mas cheia de porte e genica, que me fazia lembrar a Sibila da Agustina e que corria a propriedade toda. E se havia para correr, porque dali ao Poço Corga era sempre a subir. Por isso, eu entendia a Sibila, porque a Sra. Silvina era muito parecida com ela. Ainda estive para lhe perguntar se alguma vez uma senhora baixinha, de cabelos brancos apanhados num rolinho, se tinha cruzado com ela, mas não tive coragem, sobretudo porque era uma pergunta palerma. E para quê fazer perguntas palermas a alguém que tinha dois cães que ladravam furiosamente e um diospireiro carregadinho de fruta madura. Mas reparem: daqueles dióspiros a sério, com riscas castanhas; não daqueles luzidios que aparecem em caixas de plástico no supermercado. Os dióspiros foram uma das minhas primeiras aprendizagens do tempo. Sim senhora, todos coloridos, mas tão verdes que a certa altura parecia que tínhamos duas línguas em vez de uma só.
Havia também por lá uma mula velha. Muito pachorrenta. E é nela que me fixo hoje, porque a vida às vezes parece uma mula velha e teimosa. Nós para ela, cheios de meiguice, "anda lá...". E ela nem um centímetro.



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