às vezes gosto mais do fim do que do princípio

Eis que ao fim de 19 meses tiro o aparelho ortodôntico (meio ano antes do previsto)! Depois de uns retoques e de um branqueamento e acho que vou fazer vida para Hollywood :D A sério... valeu mesmo a pena. Estou pasma com os resultados e com o milagre conseguido. E milagre foi a palavra usada pelo dentista. Eu já tinha um sorriso bonito e sorria muitas vezes, mas agora é completamente diferente. Sinto-me outra pessoa. Foi como se um alinhamento do aspeto material viesse fazer companhia a um outro alinhamento interiror. 

Não tenho aparelho mas ainda tenho os tiques de boca de quando o tinha, o que me faz pensar. Hei de perdê-los certamente, talvez quando na altura em que largar o espelho para contemplar a magnífica dentição.

O que nem sempre anda alinhado é a justiça no meu local de trabalho. Sou a que recebo um salário mais baixo e sou a que tem mais responsabilidades pedagógicas do grupo.

Mas hoje é um dia para erguer a taça. Tive a turma mais fraca do 6.º ano no Português e foi precisamente essa turma que teve menos negativas e o único nível 5.

Ergo pois a taça, mas ainda não pode ser de vinho tinto por causa do branqueamento... :D

Ah... e já não fumo há 9 meses. 

Firme.

é sempre a descer

Então, ó Laranja, e vais ter saudades dos alunos?

Vou, mas não de todos.

Não daquelas alunas que me disseram, com o ar enjoado de quem teve uma paragem digestiva a meio de um cozido à portuguesa "ó professora, pelamordedeus... quem compra na primark é........"

Ganharam o prémio de vacuidade existencial. Não se fala mais nisso.

O prémio "burgesso do 6º ano" foi atribuído ao L, que passou os dois anos a atormentar as aulas, a apoquentar as meninas mais calmas da turma, a grunhir e a caminhar de uma maneira que me fazia lembrar do filme "Os gorilas na bruma". 

Lá decidiu, "o meu rico menino, o meu príncipe mais que tudo" estudar em maio e convenceu-se (aliás, convenceu-o a mãe, burgessa também) que era suficiente para passar de ano.

Há dois dias, recebo um mail da senhora a perguntar se o rapaz transitava, que eu lhe dissesse, por favor, que ela estava muito ansiosa, prometendo-me que só ia contar ao rapaz daqui a duas semanas.

Haja paciência...

Se eu tenho fé na humanidade? Só se cada um cuidar da sua própria humanidade.

No entanto, segurem-se, que a partir de agora é sempre a descer.