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Excelsior



“In my arms is a woman who has given me a Skywatcher's Cloud Chart, a woman who knows all my secrets, a woman who knows just how messed up my mind is, how many pills I'm on, and yet she allows me to hold her anyway. There's something honest about all this, and I cannot imagine any other woman lying in the middle of a frozen soccer field with me - in the middle of a snowstorm even - impossibly hoping to see a single cloud break free of a nimbostratus.”
― Matthew QuickThe Silver Linings Playbook

Shantaram

«There's a truth that's deeper than experience. It's beyond what we see, or even what we feel. 

It's an order of truth that separates the profound from the merely clever, and the reality from the perception. We're helpless, usually, in the face of it; and the cost of knowing it, like the cost of knowing love, is sometimes greater than any heart would willingly pay. It doesn't always help us to love the world, but it does prevent us from hating the world.»

Gregory David Roberts, Shantaram 



Oranges are not the only fruit

Tenho em casa alguns livros que esperaram gentilmente por mim, pelo tempo certo para serem lidos. 
E este está à minha espera há mais de dez anos.

Cruzei-me com a escrita de Jeanette Winterson numa das Fnacs de Lisboa, quando a existência de uma na minha cidade era uma miragem muito distante. Esperava pela ligação do expresso de regresso a casa, nos tempos em que eu trabalhava no meio das planícies e aproveitei para me meter na Fnac. Comprei "Gut Symmetries" por acaso, numa edição em Inglês, e lembro-me que, mesmo com a fraca luz do expresso, comecei a ler o livro. Li-o na altura como quem saboreia um acepipe e já o reli entretanto. É um dos meus livros preferidos de sempre. 
Como é que a física quântica e o amor estão muito interligados? Ela conta. 

Jeanette Winterson é uma das escritoras mais inspiradas da atualidade e uma impressionante contadora de histórias, sobretudo pela capacidade de entrelaçar as personagens e os eventos. 


"Oranges are not the only fruit" foi o seu primeiro livro. Narrado na primeira pessoa, JW conta em formato de ficção a sua infância e adolescência numa família que a adoptou. 
"Like most people I lived for a long time with my mother and father. My father liked to watch the wrestling, my mother liked to wrestle; it didn't mater what."

Como sempre me fascinou a relação mãe-filha e alguns ditados populares a vulso, este livro ressoa muito dentro de mim. Relembra-me que tenho ali uns rabiscos numas quantas páginas, escritas há mais de dez anos. Relembra-me que, quando eu era miúda, passei algum tempo a remoer estes versos:

Minha mãe é minha amiga
Quando coze faz-me um bolo
Mas quando se zanga comigo
Dá-me com a pá do forno



Inspirada pelo fervor religioso da mãe, que seguia com mais atenção as ações missionárias evangelistas pelo mundo do que a vida interior da sua filha, JW dava sermões aos seis anos de idade. Enquanto as crianças escreviam as habituais composições sobre as férias, JW escrevia sobre o Inferno e como evitá-lo.
"All men are the Devil," my mother said. "Have an orange".
Mas há sempre um dia em que uma rapariga dá por si apaixonada e se der por si apaixonada por uma rapariga isso é uma grande carga de arrelias na certa. 
"Don't let anyone touch you down there," she warned. "Have an orange instead." But I did let Melanie. 
Este tinha de ser o primeiro livro da autora. As suas primeiras linhas tinham de ser "Oranges are not the only fruit", porque todos temos de cortar o cordão umbilical a certa altura, mas uns têm de romper com algo mais que isso.

JW saiu de casa aos dezasseis, pôs de parte o sonho de ser missionária e apaixonou-se pelas palavras. E ainda bem. 




A new self and the importance of elsewhere

«I wanted to find a new self in a distant place, and new things to care about. The importance of elsewhere was something I took on faith. Elsewhere was the place I wanted to be. Too young to go, I read about elsewheres, fantasizing about my freedom. Books were my road.
(...)
The wish to travel seems to me characteristically human: the desire to move, to satisfy your curiosity or ease your fears, to change the circumstances of your life, to be a stranger, to make a friend, to experience an exotic landscape, to risk the unknown, to bear witness to the consequences, tragic or comic, of people possessed by the narcissism of minor differences. Chekhov said, "If you're afraid of loneliness, don't marry." I would say, if you're afraid of loneliness, don't travel.»
Paul Theroux, The Tao of Travel: Enlightenments from lives on the road, 2011



The Great Railway Bazaar

Gosto muito de literatura de viagens e mais ainda nestes dias frios, de trabalho, em que apetece antes pegar na mochila e andar por aí.

De literatura de viagens e de comboios. Por isso, este é um livro perfeito. Autobiográfico, Paul Theroux conta as peripécias da sua viagem de comboio de Inglaterra até à Ásia, com passagem pela Índia. Escreve sobre pessoas, lugares, comidas, crenças e culturas. Ainda estou no início, mas promete.

Tenho memórias muito felizes relacionadas com uma mochila às costas e com um bilhete do intercidades no bolso com destino ao Porto. Preferindo viajar do lado esquerdo, a viagem em si é magnífica e a chegada ao Porto, avistar o rio e a cidade, é qualquer coisa que me enche de uma emoção que tenho muita dificuldade em narrar. 
O Porto não foi um amor à primeira vista e, talvez por isso, seja dos mais profundos que nutro por uma cidade portuguesa. É um lugar de chegada e também de partida para outras paragens europeias. É, em suma, um lugar carregado de memórias afetivas muito doces.
Quando me perguntavam em pequena sobre os meus desejos para a vida adulta, eu deveria ter dito, se conhecesse nessa altura a palavra, "Quero ser uma backpacker". 
Mesmo quando as costas já não mo permitirem, tenho a certeza que continuarei a ser uma backpacker.   
    



The Master, de Colm Tóibín

Um livro muito bom. O Henry James dá uma grande personagem de ficção, embora ele fosse um homem um bocado triste e auto-reprimido. Fiquei com vontade de ler mais, tanto do James como do Toibin.




an ordinary moment

«Here they are: a middle-aged couple in the back of a cab (this driver’s name is Abel Hibbert, he’s young and jumpy, silent, fuming). Here are Peter and his wife, married for twenty-one (almost twenty-two) years, companionable by now, prone to banter, not much sex anymore but not no sex, not like other long-married couples he could name, and yeah, at a certain age you can imagine bigger accomplishments, a more potent and inextinguishable satisfaction, but what you’ve made for yourself isn’t bad, it’s not bad at all. Peter Harris, hostile child, horrible adolescent, winner of various second prizes, has arrived at this ordinary moment, connected, engaged, loved, his wife’s breath warm on his neck, going home.»

Michael Cunningham, By Nightfall