you can't bite, but you must hiss now and then

O Ven. Ajahn Brahm costuma contar uma história que resume bem esta semana.

Havia uma serpente na floresta que mordia em tudo e todos. A sua fama acabou por espalhar-se na floresta e, na área em que ela vivia, nunca mais ninguém se meteu. Acabou por viver os seus dias sossegada e sozinha, com a fama de mazona. 

À medida que foi envelhecendo, foi pensando no significado da vida, no propósito da existência e nessas coisas todas e pode dizer-se que a serpente virou um bicho religioso.

Um dia ela foi falar com um monge e após algumas conversas sobre a bondade e a paz, ele propôs-lhe que ela experimentasse andar entre as pessoas sem as morder. E foi o que ela prometeu: nunca mais morder as pessoas.

E assim foi. Digamos que a serpente se tornou uma criatura muito sociável, mas como nem sempre as pessoas reparavam nela, pisavam-na a toda a hora, a todo o instante. Como ela não reagia, muitos foram os que começaram a gozar com ela. Nesses momentos, a serpente era assaltada por um ímpeto de raiva, mas logo se lembrava do que tinha prometido e aguentava estoicamente os pés e o peso dos habitantes da aldeia.

O dia chegou em que ela não aguentou tanta pressão. Literalmente. 
Voltou a falar com o monge que lhe respondeu:

- Eu pedi-te que não mordesses, mas de vez em quando tens de silvar. 

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Em quatro anos, tudo quanto era projeto manhoso na escola, eu estava lá metida. 
Aplicar um modelo europeu de autoavaliação à escola, lá estava eu. 
Uma das direções de turma mais críticas da escola, tudo bem: é um desafio.
Atiraram-me para a frente da biblioteca e eu aceitei. 
O sistema chutou-me da mesma e eu levei na boa. 
E agora queriam que mesmo fora da biblioteca, eu fosse responsável pelo PNL? Pelo desenvolvimento da literacia de 300 alunos? Com tanta gente com mais horas disponíveis do que eu? No way, Jose!
Geralmente ando de sorriso desenhado, bem disposta e a contar palermices que fazem rir, mas parou aqui a coisa de aceitar tudo o que me põem nas mãos. 
Ontem, zanguei-me, hoje agi. E resultou.
Pena que com isto tudo, até me esqueci que estava inscrita numa cena de meditação nova para mim.

Entretanto, tenho de arranjar asap um balão de oxigénio para este ar irrespirável. 
O que vale é que amanhã há meditação budista, com o grupo do costume.
Mas hoje medito sozinha, só para ver se baixo a tensão arterial...

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