mudar de pele

Eu não tenho muitos amigos próximos. Conhecidos com quem viajo, brinco e digo palermices são dezenas, mas as pessoas de quem gosto mesmo sem emoções contraditórias, que contemplo com o coração cheio, aqueles por quem saio de casa no meio da chuva, enfrentando estradas e autoestradas, para ouvir contar ao vivo um pesadelo que sobressaltou, para dar um abraço porque as palavras não saem, para dar uma mão (ou as duas) são pouco mais de meia dúzia. E felizmente que nos últimos tempos o grupo tem tido tendência para aumentar.
Hoje calhou encontrar-me com a Justiça e um bully sem escrúpulos por uma dessas pessoas. E houve vitória. Fomos celebrar juntos e depois fui celebrar sozinha de uma das formas que mais gosto: comprar roupa e calçado. Na verdade, também gosto de livros e de gadgets eletrónicos, mas desses agora tenho de sobra.
Não sendo uma pessoa exatamente vaidosa, havia uma coisa que me inquietava o espírito de vez em quando. O meu casaco preferido foi comprado num tempo (há muito tempo) em que eu conjugava os verbos no plural e palavra de honra que tenho procurado nos últimos cinco anos um casaco que destronasse aquele. Até porque dez quilos a menos notam-se. O corpo não é o mesmo e o espírito também não. Experimentei vários, investi nuns quantos, mas nada era como o outro.
Acontece que encontrei um casaco lindo, confortável, que assenta como uma luva e numa loja que nem costumo frequentar. É perfeito. Antes de o vestir, já sabia que é perfeito.
Aproveitei e trouxe umas camisolas a condizer.
Porém, hoje ainda não é o dia em que me vou tornar uma fashion blogger e postar as fotos das botas, sapatos, cachecol, camisolas e casacos que comprei.
Reparei que os pessegueiros começam a florir e que o sol aquecia a pele com uma doçura serena.
E porque esta música marcou o ritmo das compras, deixo-a aqui.



2 comentários:

  1. Que dizer? Acolhedor tal como tu ! Parabéns continua nós aguardamos os posts e serenamente apreciaremos a tua metamorfose (vais ficar fashion victm)=)

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