o amor em todo o lado e o amor em lado nenhum

Mais uma noite, mais um pesadelo. 
Sonhei que o mundo estava a acabar. Soube-se com algumas horas de antecedência e eu decidi ir fazer sopa (acho que era de agrião).

Já há algum tempo que deixei de sonhar com a casa dos meus pais. Agora sonho com outras, que nunca vi antes. 

De onde vêm os pesadelos?
A segunda-feira até foi boa. Passei-a com uma da pessoas de que mais gosto e que me devolve esse afecto envolvente. Estivemos a falar do tutato da vida, do amor. Do amor em todo o lado e do amor em lado nenhum.

Antes de acordar, estava a lavar legumes. 
Pelo menos, estava a casa cheia. Não sei que casa era aquela, não era a dos meus pais, nem dos meus avós. 
Para mim, o Amor é sempre uma casa, é sempre numa casa. 
Tenho fome de casa como de sopa e de pão. 
E quando digo que quero mudar de casa, não é de paredes que falo. É de habitar totalmente numa casa, como nunca consegui habitar a minha. Numa casa com braços, mãos, pernas, pés, olhos, mãos.

No Masterchef Australia, os concorrentes recebem uma "caixa mistério", com ingredientes escondidos debaixo de uma pequena arca de madeira. Com o tempo contado, eles têm de confecionar um prato que agrade ao palato dos jurados, utilizando apenas os ingredientes fornecidos. Primeiro, eles têm uns minutos de "suspense" e ansiedade em que ficam ali a olhar para a madeira, naturalmente opaca, e, autorizados a levantar a caixa, vê-se no olhar deles inúmeras receitas e resultados finais a passar-lhes na retina. A maior parte consegue fazer coisas absolutamente espantosas e diversas entre si. Raramente se repete um prato. É um misto de energia, de criatividade, de esforço, de imaginação e coragem.

Eu perdia isto na primeira ronda.
A vida é um bocado assim: recebemos uma série de ingredientes e fazemos com eles o melhor que sabemos.
Até com uns limões, um jarro de água e um punhado de açúcar, eu perdia isto. 

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