conversas fora de horas

Ando há três dias a dizer para mim que tenho de ter uma conversa séria com Deus. Em São Pedro Moel, que é um sítio com boa rede. Uma conversita de pé de orelha, não sei se para falar se para ouvir. Eu até nem sou muito de conversar com Deus. Não padeço da capacidade do Neale Donald Walsh, nem tão pouco da Alexandra Solnado. Geralmente, olho para as árvores e para as pessoas de quem gosto e fica a conversa feita.
Mas há momentos em que isso não chega.
Eis que hoje acordei ainda não eram 5 da manhã, coisa completamente inusitada para mim, que durmo até me deixarem ou até ter a bateria com a carga completa. Acordei com a memória fresca de um sonho extremamente vívido e nítido e com a emoção de gratidão profunda por ter acordado imediatamente do sonho com a lembrança clara da narrativa onírica. Foi um daqueles sonhos que nos deixam em paz com o mundo, que é como quem diz, com os fantasmas. 
Não me vou pôr por aí na rádio a suplicar ao estilo do Abrunhosa "Quem me leva os meus fantasmas?" porque os fantasmas já se foram e ficou o espaço vazio deixado por eles, como se fosse uma marca que deixamos num sofá, por termos estado muito tempo nele. 
Explicam os senhores da física, muito melhor do que eu, que o espaço e o tempo são capazes de ser a mesma coisa e o vazio é uma "anormalidade" da matéria, e, isto digo eu, sobretudo do espírito. Se eu já tivesse chegado ao nirvana, ao estado de iluminação budista, diria que o vazio (shunyata) é outra coisa, o estado de total espaciosidade em que as nossas ilusões se diluem.
Mas o vazio para um comum mortal é uma grande chatice, to say the least.
Voltando à parte em que Deus falou comigo, e pelo amor do mesmo não me internem já que eu tenho de ensinar português e inglês a mais de cem crianças (and still damn good at it!), entre outros afazeres e projetos que vou descobrir entretanto, que tenho de descobrir entretanto. Pois que acordei do sonho com a sensação de que Alguém me tinha dito algo valioso, que funciona como uma espécie de boost para o Caminho.
Levantei-me, vim até à sala e puxei do meu cadernito preto. Toquei o último single dos Coldplay em loop e escrevi três páginas. Fumei dois cigarros, bebi um iorgute líquido, deitei-me e adormeci outra vez.
Atlas, dos Colplay, porque carregar o peso não é uma coisa obrigatória.





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